Decapando até debaixo d'água (Local: Palhoça, SC; foto: L. Duran, 2008)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

ArqueoSub Dicas: Barra do Itabapoana, RJ

Barra do Itabapoana é um distrito do município de São Francisco de Itabapoana. Como o nome sugere, fica na margem direita do rio Itabapoana. A margem esquerda do rio já pertence ao Espírito Santo.
Barra possui um pequeno, mas ativo porto pesqueiro, o qual remonta aos tempos coloniais, certamente. Digo isso em razão das evidências que o cercam, do patrimônio cultural materializado em suas ruas, nas margens do rio e na zona rural. Dentre elas se destaca uma que, possivelmente é a única remanescente do tipo no Brasil: um canhão de antecarga, enterrado no muro do antigo cais principal da localidade, que serve até hoje para a amarração das embarcações.




É um canhão inglês, provavelmente de calibre 12, e do tipo Armstrong, padrão que vigorou entre as décadas de 1720 e 1790 nas forças armadas do império britânico. No início do século XIX, milhares deles, já imprestáveis para as forças inglesas, foram vendidos para as marinhas e os exércitos da América do Sul, o que inclui o Brasil. Como resultado dessa distribuição maciça das peças de padrão Armstrong, muitas das cidades litorâneas do país possuíam, na década de 1820, pelo menos uma peça desse tipo para a defesa de seus portos.
Com a obsolecência desse armamento, ficava um problema: o que fazer com essa montanha de ferro que não poderia ser 'reciclada', em razão do excesso de enxofre em sua composição? Muitos foram jogados no mar, outros enterrados e alguns outros utilizados para a amarração de embarcações, pois seriam perfeitos para a tarefa quando parcialmente infincados no cais. Eu já havia visto fotos antigas com os canhões utilizados dessa maneira, mas julgava que esses arranjos hoje não mais existissem.
E o mais interessante de tudo: o canhão continua sendo utilizado para a amarração das embarcações! Isso sim é um bom exemplo do uso social do patrimônio arqueológico histórico! 

domingo, 25 de dezembro de 2011

ArqueoSub Dica para quem vai viajar para a Espanha

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Exposição sobre artes de pesca andaluzes e as influências fenícias e romanas nela.

Novas ArqueoSub: naufrágio da era moderna localizado no Sri Lanka

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Arqueólogos da Unidade de Arqueologia Subaquática do Sri Lanka localizaram vestígios de um naufrágio português ou holandês há 2 km da costa, aos 9 metros de profundidade.

ArqueoSub Dicas: porto de Registro, SP

Mais fotos de 2007, retratando outro porto que também não foi incluído na minha tese. Continuando pelo rio Ribeira, temos a cidade de Registro, onde existia igualmente um porto fluvial. Entretanto, diferentemente de Juquiá, o porto de Registro apresenta estruturas sofisticadas e relativamente modernas para o manejo de carga, feitas em concreto e equipadas com gruas mecânicas.





O porto fica em frente à fábrica de beneficiar arroz, construída em 1912 pela KKKK - Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha - uma sociedade colonizadora japonesa que funcionou até 1937. Os galpões da fábrica, tombados pelo estado em 1987, abrigam o Centro de Formação Continuada de Gestores da Secretaria de Estado da Educação e o Memorial da Imigração Japonesa.


Infelizmente, as estruturas do porto ficaram separadas da área restaurada da KKKK por um muro de contenção das enchente.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Escavação de navios baleeiros na Austrália

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Dois navios baleeiros do século XIX estão sendo escavados em Bunbury, na Austrália Ocidental. Os trabalhos podem ser acompanhados a partir do site:
www.carparkwhalers.com

[Notícia veiculada pelo A Blog About History]

domingo, 27 de novembro de 2011

ArqueoDicas Sub: porto fluvial e estação de trem de Juquiá, SP

Estas fotos são de 2007, tiradas durante um levantamento de campo para o meu doutorado, do qual também participou o arqueólogo Leandro Duran. No final das contas não utilizei o material para a tese e já não é sem tempo divulgar o material para que outros possam eventualmente se inspirar em desenvolver trabalho na mesma linha.
As fotos são da estação ferroviária de Juquiá e do porto fluvial, anexo à ela. A estação fazia parte da Southern São Paulo Railway, ferrovia que ligava o porto de Santos a Juquiá e que ficou pronta em 1915.




Para quem quiser mais informações pode acessar o excelente site:

http://www.estacoesferroviarias.com.br/j/juquia.htm

Essa ferrovia provocou uma inversão no eixo de circulação das mercadorias do vale do Ribeira. Ao invés da produção seguir do alto e médio Vale, por via fluvial, para o porto marítimo de Iguape, para depois seguir para o Rio de Janeiro, Santos ou Paranaguá (praças de comércio principais, com grande destaque para o Rio), os produtos do Vale passaram e ser encaminhados, por via fluvial, para Juquiá e de lá para o porto de Santos pelo trem, ocasionando uma perda de dinamismo do comércio de Iguape, que durante o século XIX havia sido uma importante praça de comércio marítimo. Trocando em miúdos, antes de 1915 os barcos desciam o rio carregados; depois eles passaram a subir o rio carregados.
Mas esse fluxo comercial não dependia somente da ferrovia. Era absolutamente vital uma ligação fluvial minimamente confiável entre Eldorado, grande produtora de arroz, e Iguape até Juquiá. E isso só poderia ser feito através da navegação a vapor realizada pela Companhia de Navegação Fluvial Sul Paulista.
E para que as mercadorias transportadas pelo rio chegassem de forma rápida e segura até o trem era necessário um porto que permitisse o transbordo dos produtos. Vale destacar que no caso do transporte de arroz não poderia haver contato do produto com a água, com risco de apodrecimento do mesmo.

 Escadaria que dá acesso ao rio Ribeira, vista a partir da rua da estação.

A escadaria, vista a partir da beira do rio.

 Peças para a amarração das embarcações.

 A estação, vista a partir do final da escadaria.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Novas informações sobre comércio entre Portugal e a Madeira nos séculos XVI e XVII

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A origem da colonização do arquipélago da Madeira é portuguesa, mas novos achados estão esmiuçando como se davam os contatos entre Portugal e as ilhas nos primeiros séculos da colonização. Análises arqueométricas de fragmentos de uma forma de pão-de-açúcar indicam que ela foi modelada não em Lisboa, mas em Aveiro, ao contrário do que se pensava antes.

Anzóis achados em Timor Leste têm entre 11 e 23 mil anos

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Arqueólogos australianos encontraram 2 anzóis, datados entre 11 e 23 mil anos, em uma caverna no Timor Leste. Além desses artefatos, milhares de ossos de animais marinhos foram localizados. Essas evidências indicam que a pesca em mar aberto já era realizada àquela época.
Notícia sugerida pelo arqueólogo Leandro D. Duran.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Arqueo Sub dicas: bibliografia do site do ARQVA - Museo Nacional de Arqueología Subacuática

Essa dica foi passada pelo arqueólogo Gilson Rambelli, da Universidade Federal de Sergipe. Existe grande quantidade de bibliografia em arqueologia náutica e subaquática disponível para consulta e dowload  no site do ARQVA, o Museu Nacional de Arqueologia Subaquática (Espanha).
Clicando no título da postagem você acessa o site principal do Museu, mas clicando no caminho:

http://museoarqua.mcu.es/actividades/laboratorio_arqueologico/bibliografia_es/index.html

pode-se seguir direto para a página que apresenta a opção do catálogo da biblioteca da instituição ou o catálogo de obras de arqueologia náutica e subaquática. No livro eletrônico que irá se abrir existem vários links para os trabalhos completos.
Importante ferramenta para quem trabalha com essa área do conhecimento e também fonte de informação para os apreciadores da arqueologia 'sob pressão'.

Boas leituras!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Artefato asiático de bronze encontrado em sítio arqueológico no Alasca

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O artefato de bronze, um fragmento de fivela feita em molde, tem um pedaço de tira de couro preso a ele. Essa tira foi datada de antes de 600 d.C., mas acredita-se que a peça de bronze seja pelo menos uma centena de anos mais antiga. Seria ela uma evidência de contatos comerciais entre os esquimós e os povos asiáticos, muito antes das expedições de conquista européias ao território americano.

Devagar, mas com coerência, está-se escrevendo uma história mais abrangente dos contatos entre a América e os outros povos do mundo.

A despeito da lentidão inerente ao processo científico, acredito que não haja mais dúvidas de que não foram os europeus que 'descobriram' a América entre os séculos XV e XVI. Essa história é, em verdade, mais complexas e interessante do que se imaginava.

Arqueologia subaquática nos Açores II

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Arqueologia subaquática nos Açores I

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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ArqueoSub dicas: Casa do Povoador, Piracicaba, SP

Estas fotos são de 2009, da primeira vez que fui à Piracicaba, jantar um excelente peixe na rua do Porto. Muito embora o topônimo "rua do Porto" pudesse ser o foco óbvio desta postagem, pretendo tratar de assunto menos evidente: a Casa do Povoador, bem tombado pelo estado desde a década de 1970. Construída no século XVIII, situa-se na margem esquerda do rio Piracicaba e pode ter tido importância como centro de atividade náutica na época das monções para Cuiabá.


Segundo Heloísa L. Bellotto em seu livro Autoridade e conflito no Brasil colonial: o governo do Morgado de Mateus em São Paulo, Piracicaba teve como uma de suas atividades econômicas principais, antes do ciclo do açúcar e do café, a construção de canoas e, talvez, batelões, os quais foram largamente utilizados nas monções, expedições fluviais que partiam principalmente de Porto Feliz, no rio Tietê, com destino à Cuiabá (e vice-versa). Essas embarcações, escavadas em um único tronco de árvore, eram o resultado de um saber naval híbrido, oriundo das culturas indígenas, européias e africanas. Hoje são conhecidas como embarcações monóxilas, ou sejas, feitas de um tronco só.

Uma vez que a Casa do Povoador está a poucos metros do rio, não poderia ter existido, anexo a ela, um estaleiro para a construção das embarcações das monções? Todas as evidências parecem combinar a favor disso: a casa situada nas primeiras cotas a salvo das cheias do rio; a jusante das últimas grandes corredeiras; tendo um remanso diante de si, onde até hoje pequenas embarcações descansam; além de estar muito próxima do final da rua São José. Essa rua, além de ligar diretamente a Casa até a praça principal da cidade, possui uma denominação muito interessante: no Mato Grosso, o dia de São José, 19 de março, marca o máximo das cheias dos rios da região. Assim, no local da Casa do Povoador estão reunidas muitas referências que, juntas, indicam uma íntima relação entre a Casa e as atividades náuticas. Falta agora a realização de pesquisas arqueológicas, a exemplo do que aconteceu neste ano, no Engenho Central, no entorno da Casa e de lá até a beira do rio, com a finalidade de buscar novas informações materiais sobre as atividades que eram desenvolvidas naquela interface terra/ água. Infelizmente as pesquisas subaquáticas, lá, ficariam prejudicadas pela poluição das águas, mas o potencial do fundo do rio em conter vestígios arqueológicos é muito alto, como mostram as evidências do passado, e as do presente, sintetisadas pela foto abaixo. Afinal, onde ancoram barcos hoje, podem ter ancorado outras embarcações no passado.
Finalizando, apesar da poluição das águas prejudicar as prospecções diretas, com arqueólogos-mergulhadores, resta a opção de um levantamento geofísico do fundo do rio, o qual poderia fornecer muitos dados dos eventuais depósitos arqueológicos submersos.


 Fica aí a dica de pesquisa arqueológica futura para o rio Piracicaba.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Datação do naufrágio da Praia de Castelhanos, Ilhabela, SP

O fragmento de casco de madeira encontrado em abril passado, na praia de Castelhanos, município de Ilhabela, SP, foi datado como sendo da primeira metade do século XIX.

Para mais informações, CLIQUE NO TÍTULO DA NOTÍCIA.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Artefatos líticos suportam tese de migração pré-histórica costeira

Localizados no sítio arqueológico El Coyote, Baja Califórnia, México, os artefatos líticos suportam a idéia de que correntes migratórias Ásia-América teriam ocorrido com pequenas embarcações ao longo da costa do Pacífico americano. Além dos líticos foram encontrados outros artefatos relacionados à pesca e consumo de moluscos. Teriam as peças entre 8,6 e 9,3 mil anos.

Retirado mais um canhão do naufrágio do Barba Negra

Arqueólogos retiram mais um canhão do sítio arqueológico de naufrágio do Queen Anne's Revenge, navio do pirata Edward Teach, afundado na Carolina do Norte, EUA, em 1718.
Atualmente é o maior trabalho de arqueologia subaquática em curso nos EUA, segundo a reportagem.

sábado, 29 de outubro de 2011

ArqueoSub dicas: Porto Ferreira, SP

Em 2006 passei por Porto Ferreira, cidade famosa por sua produção cerâmica. Na verdade eu estava a caminho de Ribeirão Preto e entrei em Porto Ferreira para ver se ainda existia alguma coisa do porto fluvial antigo, que funcionou em conjunto com uma ferrovia entre a década de 1880 e 1903. Minha curiosidade havia sido despertada por fotos antigas do livro de Adolpho Pinto, História da Viação Pública do Estado de São Paulo, publicado a primeira vez em 1903.
Qual não foi a minha surpresa quando vi que o porto, apesar de desativado a mais de um século, estava lá, bastante bem preservado, dentro de um parque municipal.
Na verdade, essa é uma das estruturas portuárias mais antigas do estado, juntamente com o porto Grande, em Iguape, o porto do Bacharel, em Cananéia, e o cais do Valongo, em Santos. E se pensarmos em portos para o café, os muros de Porto Ferreira são os mais antigos do estado.

 Fotografia do livro A Era do Trem (1999), tirada no início do século XX, mostrando a descarga das barcaças de café.

 Uma perspectiva 'atual', de ângulo aproximado ao da foto anterior.

 Outra foto do livro A Era do Trem: vapor atracado ao cais...

 ... antes da construção da ponte da ferrovia. Notar a escada aparentemente cortada pela cabeça de ponte.

No detalhe, visto de cima, uma das argolas de amarração das embarcações.

Boa perspectiva de pesquisa em arqueologia 'áquática' para o pessoal do interior do estado, sem sair das margens do rio Mogi-Guaçu.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

É preocupante ...

... o estado de conservação da lancha Igara, peça integrante do acervo do museu do Porto, em Santos. Construída nos anos 1930, prestou serviços à Cia. Docas até a década de 1980. A despeito de sua beleza, com linhas que lembram os barcos de corrida dos anos 20 e 30, e apesar de seus 50 anos de serviço, jaz do lado de fora do prédio principal, sob uma cobertura que a protege das chuvas, mas a mercê da umidade e dos insetos xilófagos.

Visão frontal da lancha.

 A embarcação, vista a partir da popa.

 Bombordo e coberta da embarcação, bastante danificados.

Interior da cabine, com peças fora do lugar e faltantes. As fotos foram tiradas neste mês.

A despeito dessa situação precária do bem, do limão se pode fazer uma limonada: um projeto de restauro da embarcação não seria uma boa oportunidade para valorizar e difundir as técnicas dos carpinteiros navais? Boa parte da população nunca viu esse tipo de trabalho e o espaço do museu seria ideal para a difusão do conhecimento.

Sir Francis Drake merecia coisa melhor!

Uma equipe de confessos caçadores de tesouro localizou duas embarcações perto de Portobelo, Panamá. Atribuem os barcos à frota de Francis Drake, aristocrata elisabetano cujas ações bélicas navais envolveram, além de operações de corso, a defesa da Inglaterra contra a Grande Armada filipina.
Em 1596, depois de mais um ataque às possessões espanholas, faleceu vitima de disenteria e foi sepultado nas águas costeiras do Panamá. Embora os caçadores de tesouro aleguem que não promoverão escavações nos dois naufrágios, continuarão a procura do caixão de Drake.
Sem dúvida mereceria Sir Drake um tratamento pós-morte mais honrado!

Provável 'estaleiro' maori encontrado na Nova Zelândia

Um fragmento de enxó lítico, além de estruturas de combustão e restos alimentares - conchas e ossos de mamíferos aquáticos - foram encontrados embaixo do edifício demolido de uma agência de correios do século XIX em Lyttlelton, Nova Zelândia. O local pode ter sido utilizado como um 'estaleiro' de wakas, grandes canoas maoris. Os achados, embora ainda não tenham datação absoluta, podem remontar há 800-1000 anos atrás, reforçando a história oral contada sobre o local.

Para saber mais:

http://www.stuff.co.nz/national/5763605/Maori-adze-found-at-post-office-site

Descoberto naufrágio do século XIII próximo à Nagasaki, Japão

Descoberto, próximo da costa, porção da quilha de embarcação supostamente relacionada a uma das mal fadadas invasões mongóis ao Japão, no final do século XIII.

Note-se que os pesquisadores japoneses estão bastante cautelosos e não pretendem se render à afobação, escavando de forma passional e inconsequente o importante e bem preservado sítio. Ele será recoberto para posteriores estudos.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Novas ArqueoSub: barco viking encontrado na Escócia

PARA VER A NOTÍCIA COMPLETA, CLIQUE NO TÍTULO

Descoberta, na Escócia, Reino Unido, estrutura funerária viking cujo 'esquife' é uma embarcação de 5 m de comprimento.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Dicas ArqueoSub: navegação nos canais de Santos

Estas fotos foram tiradas em 2007. São do final do Canal 1, na confluência das avenidas Ana Costa, Pinheiro Machado e Rangel Pestana, próxima ao restaurante Almeida, ao colégio Cesário Bastos e à antiga garagem dos bondes.

Quando eu era criança, intrigavam-me as fotos do início do século XX que mostravam botes dentro dos canais, coisa absolutamente improvável para mim na Santos dos anos 1970 e 1980, quando os canais eram muitíssimo mais poluídos do que são hoje – diga-se de passagem que eles só são sujos por causa das ligações de esgoto clandestinas, antigamente muito mais frequentes. Eu não entendia a função de drenagem dos canais e, além disso, a aparência de cloaca deles desestimulava qualquer reflexão.

Com o passar dos anos e a melhora das condições dos canais foi ficando menos repulsivo caminhar ao longo deles, até que se tornou um passeio agradável, ou quase isso. De qualquer forma a salubridade relativa e a minha profissão foram fazendo-me juntar as peças do quebra-cabeça canais/navegação.

Uma das evidências está nestas fotos: escadas para acesso ao fundo do canal. São grandes as possibilidades de elas terem sido utilizadas para o acesso das pessoas a embarcações pequenas, talvez na maré alta, quando as condições de navegabilidade seriam melhores. Note-se que o característico guarda-corpo dos canais, cujo desenho é uma repetição do padrão “IOI”, impede o acesso às escadas, denotando que eles são posteriores às mesmas. Logo, as escadas já não tinham mais função à época da implantação desse hoje ícone urbanístico.

Na outra foto pode-se ver um piso de ladrilhos hidráulicos em meio à pavimentação recente, outra indicação de que o local tinha uma função hoje desaparecida.
Vale à pena consultar o site Novo Milênio para ver fotos e cartões postais de época que mostram o uso dos canais como vias de navegação. Há inclusive um cartão postal que mostra o mesmo local da foto aqui postada, em 1914.

http://www.novomilenio.inf.br/santos/fotos023.htm

Finalizando, penso que um bom tema de pesquisa poderia ser o mapeamento e levantamento das estruturas arquitetônicas ligadas à navegação que ainda resistem nos canais de Santos... antes que alguém resolva propor novamente a cobertura deles!

domingo, 9 de outubro de 2011

Novas ArqueoSub: Pavlopetri Underwater Project

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Universidade de Nottingham, na Inglaterra, lança modelo 3D para cidade submersa na Grécia.

Novas ArqueoSub: salina romana a 5 metros de profundidade

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Salina romana foi encontrada em Vigo, Galícia, Espanha, a 5 m de profundidade, durante trabalhos arqueológicos para a ampliação de uma rua. O abandono da salina foi provocado pelo recuo do mar.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Dicas ArqueoSub: Campos dos Goitacazes, RJ

Durante meus trabalhos pelo Brasil eu procuro observar onde poderiam ser desenvolvidas pesquisas de arqueologia voltadas para a compreensão da interação entre os seres humanos e a água. Muitas vezes esses 'cenários' estão relativamente afastados do mar, necessitando de uma observação mais detalhada do potencial científico do local.
Esse é o caso da cidade de Campos, no norte fluminense. Embora ela esteja apenas umas poucas dezenas de quilometros distante do mar, alguns aspectos da interação entre a dinâmica urbana, o rio Paraíba do Sul como via de circulação e o transporte de cargas e pessoas até e do porto de São João da Barra, na foz do Paraíba, hoje foram ofuscados pelas rodovias.
Como é absolutamente impossível um investigador realizar todas as pesquisas que ele deseja no espaço de sua vida útil, segue aqui esta dica para os jovens pesquisadores do amanhã... que bem pode ser logo o dia de amanhã... se não fosse sábado, claro!



Essas fotos são de 2006. O local está diante da praça principal da sede do município. Apesar da grande quantidade de cimento e concreto na muralha de saneamento, resultado de reformas e consertos contemporâneos, é possível notar que esses materiais encobrem parcialmente estruturas mais antigas, tais como o guarda corpo de metal, nitidamente anterior à alvenaria. Na segunda foto é possível perceber, além das argolas de metal para a amarração de embarcações, o negativo de uma possível antiga escada que fazia a ligação da rua com a margem do rio, testemunhos de uma interação entre a cidade e o ambiente fluvial que hoje não mais existem no perímetro urbano.

Novas ArqueoSub: barcos da Idade do Bronze

Para mais detalhes, clique no título da notícia.

Projeto internacional tem como objetivo o estudo da maritimidade proto-histórica da Bélgica, França e Grã Bretanha.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Moinho medieval submerso

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Escavado, na Inglaterra, um moinho/ oficina de tecelagem do século XIII. Mais um bom exemplo de que a arqueologia subaquática não se resume ao estudo dos naufrágios de embarcações.

Levantamento arqueológico de vestígios da IIª Guerra Mundial no Havaí

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Veículos utilizados para o treinamento das tropas dos EUA, durante a IIª Guerra Mundial foram mapeados por pesquisadores da NOAA e da universidade do Havaí. A atividade serviu também como um estágio para alunos de arqueologia marítima.

Canadá e Noruega disputam os restos de navio de exploração do Ártico

Essa é uma interessante discussão que vale à pena ser lida na íntegra.

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O Canadá alega que o Maud, um navio de madeira construído para explorações no Ártico e que afundou em 1930 é um sítio arqueológico canadense. É uma das poucas atrações turísticas da baía de Cambridge. Já os noruegueses querem salvar os destroços e levá-los para um museu perto de Oslo.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Curso de arqueologia em Ilhabela, SP

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Curso a ser desenvolvido a partir do dia 19 de setembro. Embora o conteúdo não seja diretamente ligado à arqueologia subaquática, toda a arqueologia feita em zonas litorâneas pode ter relação com os ambientes aquáticos. Ainda mais no caso de Ilhabela, onde o povoamento só pode ter se iniciado por via marítima.
As inscrições foram abertas ontem, 12. Para mais informações, CLIQUE NO TÍTULO DA NOTÍCIA. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Âncoras de pedra na costa bulgara

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Âncoras datadas entre os séculos 15 e 12 a.C., encontradas no mar Negro, na costa bulgara, são atribuídas a embarcações de 150-200 toneladas, tonelagem bastante significativa para a época.

Plano para conservação de naufrágio do século XVIII

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Plano de conservação para os vestígios do HMS DeBraak, naufragado em 1798 na costa de Delaware, EUA. O conjunto de achados é um dos mais interessantes já localizados, embora o casco de madeira ainda vá demandar uma minuciosa avaliação para se chegar à melhor forma de conservação dele. 

Encontrado naufrágio da Grande Armada na Irlanda

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Foi localizado, na Irlanda, naufrágio referente à armada espanhola de Felipe II, a qual atacou a Inglaterra, sem sucesso, em 1588. Se for confirmada a origem da embarcação será mais um grande achado que permitirá o melhor entendimento da história do confronto.

Retomando o naufrágio do Ground Zero

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Mais dados sobre o naufrágio do WTC. Alguns vestígios localizados durante a escavação apontam que a embarcação teria transportado tropas inglesas para controlar a rebelião na antiga colônia.

sábado, 6 de agosto de 2011

Achada outra porção do naufrágio escavado no WTC

Em 2010, durante as obras de escavação de uma área anexa ao terreno onde antes existia o World Trade Center, bombardeado em 2001, arqueólogos encontraram uma porção do casco de madeira de um pequeno navio mercante construído em 1770. A embarcação, a qual estava enterrada a 7,5 m abaixo do nível da rua, supostamente teria sido afundada para ajudar na composição da camada de aterro do porto de Nova York.
Neste ano, em outra porção do mesmo terreno, foi encontrada a proa dessa embarcação, a qual permitirá uma melhor contextualização da antiga embarcação.
Tal achado, embora muito interessante, não é um fato raro nas grandes cidades portuárias do mundo (incluindo as cidades brasileiras, claro), as quais tiveram suas linhas de costa profundamente alteradas com o aumento da movimentação portuária ao longo dos séculos XIX e XX.

Licença ambiental para o porto das Lajes, AM

Órgão ambiental estadual concedeu licença - com restrições - a terminal privado na região do Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões. O projeto, no entanto, ainda será avaliado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pois o Encontro das Águas é patrimônio tombado.

Contatos pré-históricos entre China, Coréia e Japão

Coleções de líticos apontam para difusão de técnicas, há 20 mil anos, entre China, Coréia e Japão, quando o nível do mar era mais baixo, permitindo ligações terrestres entre eles.

domingo, 24 de julho de 2011

Descaso com o patrimônio náutico-marítimo de Rio Grande

Duas das últimas casas que abrigaram os trabalhadores que construíram os molhes do porto de Rio Grande, RS, em 1915, estão em estado precaríssimo e aguardam ações de recuperação emergencial e restauro.
E que sejam rápidas, antes de a arqueologia ser a única forma de resgatar informações sobre o assentamento! 

terça-feira, 19 de julho de 2011

Pesquisa no sítio do Porto, em Santarém, PA

Arqueólogos trabalham no grande sítio arqueológico do Porto, em Santarém, no Pará, por ocasião de implantação de campus universitário.
Boa oportunidade de compreender aspectos da vida náutica histórica e pré-colonial amazônica.

domingo, 17 de julho de 2011

Divulgação do achado da nave U-513 no litoral de SC

Novo achado em SC, atualmente estado que vem revelando surpresas subaquáticas de grande valor científico.
Nunca é demais lembrar que a belonave é um túmulo de guerra, portanto, protegida por instrumentos legais internacionais, tais como a Convenção das Nações Unidas Sobre os Direitos do Mar, ratificada também pelo Brasil. 

Polêmica à vista!

Não há consenso sobre a antiguidade dos achados nos Açores, Portugal. Muitos arqueólogos acham puro sensacionalismo a possibilidade de cartagineses terem chegado às ilhas oceânicas portuguesas.
De qualquer forma, há fumaça no ar - as evidências materiais estão aí. Novas investigações são necessárias. Caso contrário, o episódio corre o risco de ter o mesmo destino das ânforas da baía de Guanabara (RJ), encontradas na década de 1970 por mergulhador autônomo, mas que nunca foram devidamente contextualizadas e estudadas por ameaçarem à sustentação da história oficial.

Pesquisas na porção emersa do Porto das Naus, São Vicente, SP

As escavações de 2011 revelaram estruturas relacionadas à produção de açúcar nos séculos XVI e XVII.

domingo, 10 de julho de 2011

Evidências de navegação proto-histórica aos Açores

Foram localizados vestígios de templos possivelmente associados ao século IV a.C. nos Açores, ilhas atlânticas portuguesas.
Tais descobertas lançam novas luzes sobre, indiretamente, a capacidade dos povos antigos na navegação oceânica, pois, afinal, as populações da África e da Europa só poderiam chegar até aquelas ilhas através de elaborado conhecimento náutico.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Canhões de um navio da frota de Henry Morgan localizados no Panamá

Trabalho co-liderado pelo arqueólogo marítimo James Delgado, do NOAA (EUA), em parceria com instituições panamenhas. Infelizmente, caçadores de tesouro parecem já ter causado estrago no sítio arqueológico.
Destaque para os corretos procedimentos de uma arqueologia com princípios conservativos - os canhões, de difícil conservação fora d'água, não serão retirados de seu contexto.

domingo, 26 de junho de 2011

O naufrágio histórico mais antigo das Américas

Até o presente momento, o naufrágio mais antigo das Américas (pós-1492), pesquisado em detalhes pela arqueologia, foi localizado no Texas, EUA, na década de 1970. É o San Esteban, uma das três embarcações da frota espanhola de 1554 que afundou perto da ilha Padre.
Para saber mais, basta clicar no link

http://www.thc.state.tx.us/archeology/aapdfs/Marine_Archeology.pdf

Para quem quiser se aprofundar no assunto, vale uma consulta à publicação organizada pelo arqueólogo George Bass, Ships and Shipwrecks of the Americas.

Entretanto, há evidências (datação por Carbono 14) de que o naufrágio da praia Damas, no Panamá, seja mais antigo que o San Esteban. Infelizmente o sítio panamenho ainda não foi submetido a um trabalho de resgate completo. 

Unisul - Resgatada peça do naufrágio mais antigo do Brasil

Unisul - Resgatada peça do naufrágio mais antigo do Brasil

sábado, 11 de junho de 2011

Artigo sobre arqueologia portuária

http://www.revistanavigator.com.br/navig7/art/N7_art5.html

Naufrágio desenterrado pela ressaca em Ilhabela

Já foi bastante divulgado, mas sempre é bom reforçar uma descoberta tão significativa.

http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2220/tesouro-em-ilhabela

Onde tudo começou

A península de Tróia, Setúbal, berço da arqueologia portuguesa emersa e submersa, está novamente aberta à visitação.

http://www.publico.pt/Local/ruinas-romanas-de-troia-reabrem-ao-publico_1497227

São João Marcos, Rio Claro, RJ: boa chance de juntar arqueologia fora e dentro d'água

A criação do parque arqueológico de São João Marcos, antigo município parcialmente submerso pelas água de uma represa construída na década de 1940, é um grande passo para a difusão da arqueologia e o conhecimento proporcionado por ela. No entanto, a iniciativa de pesquisas e de visitação não precisa ficar restrita somente à parte emersa. Dentro do reservatório estão submersas diversas edificações, as quais podem estar em melhor estado de conservação do que aquelas que estão a seco há 70 anos.

São muitas as notícias, nos últimos tempos, sobre São João, mas, eis aqui mais uma dica:

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/submersa+ha+70+anos+cidade+historica+do+rio+volta+a+tona/n1597016160036.html  

quarta-feira, 1 de junho de 2011

domingo, 15 de maio de 2011

Vapor resgatado no rio Iguaçu

Dois entusiastas da navegação a vapor pelo rio Iguaçu localizaram um antigo vapor, desaparecido há décadas, e o transportaram de volta ao cais da cidade paranaense de Porto Amazonas.

http://www2.gazetadopovo.com.br/aguasdoamanha/noticias/post/id/249/titulo/Moradores+resgatam+a+hist%c3%b3ria+da+navega%c3%a7%c3%a3o+em+Porto+Amazonas

Boa chance de continuar o projeto envolvendo também a arqueologia, tanto no local do naufrágio quanto no cais da cidade.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Noticias > Detalhe - C.M. Vila do Conde

Exemplo português de boa interação entre mergulhadores, prefeitura e órgão de gestão do patrimônio subaquático.


Noticias > Detalhe - C.M. Vila do Conde

Patrimônio submerso longe do mar

Nem só de naufrágios ou de sítios sumersos na beira do mar vive a arqueologia subaquática. Em Minas Gerais - estado sem litoral! - há grande quantidade de áreas submersas por represas, passíveis hoje de serem estudadas pela arqueologia subaquática. Confira:


http://eptv.globo.com/emissoras/NOT,0,0,342569,historias+pescarias+tradicao+e+culinaria+de+Minas+em+Carmo+do+Rio+Claro.aspx

domingo, 13 de março de 2011

Outra notícia "molhada"

Pesquisa realizada sobre naufrágio do século XV, na França. Nada de águas cristalinas, mas, afinal, os trabalhos de arqueologia náutica e subaquática quase nunca são realizados em locais de águas cálidas e visibilidade caribenha.
http://www.dailymotion.com/video/xhj8zr_hivers-1425-un-bateau-fait-naufrage_news

quinta-feira, 10 de março de 2011

Pesquisas de arqueologia histórica na Antártida

Iniciativa da UFMG
http://www.portugaldigital.com.br/noticia.kmf?cod=11595343&indice=10&canal=159

Outra notícia do Porto Maravilha

Interessante notícia sobre desdobramento das escavações:

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/03/09/cariocas-turistas-poderao-ver-de-arquibancadas-como-eram-os-cais-da-imperatriz-do-valongo-descobertos-em-escavacoes-923983345.asp

Mas não seria igualmente interessante avançar as escavações para o antigo leito marítimo, buscando localizar os prováveis depósitos produzidos pelo descarte de lixo das embarcações acostadas e também pelo descarte do lixo da população da cidade no mar? Lembremos que as preocupações ambientais são recentes - até bem pouco tempo atrás o mar era uma grande "lixeira".  

quarta-feira, 2 de março de 2011

Este blog é dedicado à divulgação da Arqueologia Marítima, a qual pode ser realizada também fora d'água. Aguardem: em breve teremos novas postagens.