Durante meus trabalhos pelo Brasil eu procuro observar onde poderiam ser desenvolvidas pesquisas de arqueologia voltadas para a compreensão da interação entre os seres humanos e a água. Muitas vezes esses 'cenários' estão relativamente afastados do mar, necessitando de uma observação mais detalhada do potencial científico do local.
Esse é o caso da cidade de Campos, no norte fluminense. Embora ela esteja apenas umas poucas dezenas de quilometros distante do mar, alguns aspectos da interação entre a dinâmica urbana, o rio Paraíba do Sul como via de circulação e o transporte de cargas e pessoas até e do porto de São João da Barra, na foz do Paraíba, hoje foram ofuscados pelas rodovias.
Como é absolutamente impossível um investigador realizar todas as pesquisas que ele deseja no espaço de sua vida útil, segue aqui esta dica para os jovens pesquisadores do amanhã... que bem pode ser logo o dia de amanhã... se não fosse sábado, claro!
Essas fotos são de 2006. O local está diante da praça principal da sede do município. Apesar da grande quantidade de cimento e concreto na muralha de saneamento, resultado de reformas e consertos contemporâneos, é possível notar que esses materiais encobrem parcialmente estruturas mais antigas, tais como o guarda corpo de metal, nitidamente anterior à alvenaria. Na segunda foto é possível perceber, além das argolas de metal para a amarração de embarcações, o negativo de uma possível antiga escada que fazia a ligação da rua com a margem do rio, testemunhos de uma interação entre a cidade e o ambiente fluvial que hoje não mais existem no perímetro urbano.